sexta-feira, 23 de novembro de 2007

_Contagem regressiva

Sabe quando a gente vai pular de bungee jump ou voar pelo sky coaster, e daí você tá lá em cima, dezenas de metros de altura, e tudo o que você tem que fazer é pular, ou puxar a cordinha e se soltar..
E não tem como desistir, você já está lá em cima. A única saída é voar. E por alguns segundos de queda livre nem a voz consegue sair..

Ter um bebê não deve ser gostoso como voar, mas aqueles segundos que antecedem o salto, aquele pavor misturado com adrenalina, expectativa e felicidade, é bem parecido com o que sinto agora, sabendo que a qualquer momento minha filha vai nascer.

Neste último mês de gravidez aquela tpm terrível voltou. Ataques de fúria, choro compulsivo por ninharias cotidianas, desejos mimosos, mais ou menos como foi lá no começo, quando todos os hormônios entraram em pane. Só que agora somados com 15 quilos de peitos, quadris e uma barriga tão grande que frequentemente me perguntam se é uma só que tem aqui dentro.
A vida não é nada fácil aos 9 meses de gravidez.

Tem o isolamento da licensa-maternidade, que me dá o conforto de não precisar sair do ninho mas também restringe meu convívio social aos familiares e velhinhos do bairro, sem falar nas balconistas de padaria e supermercados.
Os amigos que aparecem, bom.. dá pra contar nos dedos. Deve ser normal isso. Deve ser porque eu ia atrás quando me sentia só, e agora não vou atrás de ninguém. Não posso, não aguento. É hora de ficar quieta no ninho, chocando o ovo gigante.

Sinto falta do meu jeans e coturno, e das camisetas podrinhas, e da cerveja de fim de tarde, de saracotear por aí, sinto falta dos shows, e de ir no banheiro e descobrir que estou levemente bêbada, sinto falta da agilidade das minhas pernas longas que pulavam os degraus de dois em dois, e das minissaias também, sinto muita falta de viajar, e da praia, nossa, como sinto falta de ir a praia, e agora meu corpo está diferente, ele tem marcas de um longo ano de gestação, e não será mais o mesmo, como eu também nunca mais serei.

É mentira que passa depressa.
É verdade que o último mês a gente não vê a hora de acabar.
E aquela história de padecer no paraíso é mentira e verdade.

Foi um ano longo. E o meu presente tá chegando.
Que felicidade terrível.

E eu queria, mas não sei se vai dar:
- ir na Feira da Gestante e Bebê [até próximo domingo]
- entregar a tgi [até próxima segunda!]
- nadar numa tarde quente
- tirar fotos da barriga quase explodindo

Estou sem máquina fotográfica. Se alguma alma caridosa dispuser seu aparelho digital por uma ou duas semanas, serei imensamente grata. =)

Afinal, preciso registrar, porque outra dessa só daqui uns bons anos...